Transtorno Dismorfico Corporal.

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O transtorno dismórfico corporal (TDC) é uma doença grave, mas tem cura. Esta condição psicológica é caracterizada pela preocupação exagerada com a aparência ou defeitos pequenos, muitas vezes imperceptíveis, mas que assumem dimensões muito grandes para a pessoa. A doença se manifesta em um comportamento compulsivo pela aparência e causa muito sofrimento.



Para a Dra. Maria José, psicóloga especialista no assunto, o tema é delicado. “O TDC não deve ser confundido com uma preocupação normal com a aparência. A fronteira é subjetiva e por isso é uma doença difícil de identificar”, avalia a psicóloga.
A origem deste transtorno é genética e neuroquímica, mas o ambiente em que a pessoa está inserida também tem influência importante, especialmente durante a infância e a adolescência, períodos em que o bullying infelizmente é comum.

De acordo com a especialista, o TDC é um produto mental deslocado para o corpo, ou seja, é sentido como um problema na aparência física, o que pode levar as pessoas que sofrem com a doença a procurar auxílio na cirurgia plástica, na dermatologia, academia e odontologia.

“Muitas vezes a pessoa deixa de sair de casa e de relacionar-se normalmente com outras pessoas. Em casos mais extremos pode cometer o suicídio, tal é o nível de sofrimento subjetivo”, pontua Maria José. Neste cenário, desejar ou realizar um procedimento para alterar a aparência pode se tornar uma obsessão.

Em estágios considerados leves e moderados a cirurgia plástica pode até servir como parte do tratamento para estes pacientes. Quando o caso é grave é preciso envolver, além de psicoterapia, também um psiquiatra. Além disso, em geral, a doença é associada a outras doenças, como a depressão e ansiedade social.

Uma forma de identificar o TDC é se perguntar se sua aparência incomoda muito. Você pensa no assunto mais do que três horas por dia? Você deixa de fazer coisas por causa da sua aparência? As respostas podem indicar uma tendência ou mesmo a presença da doença.

Doença moderna?
O crescimento das selfies e a pressão social cada vez maior para se encaixar em padrões de beleza irreais podem induzir ao pensamento de que a TDC é uma doença moderna. Entretanto, a doença foi descrita pela primeira vez pelo médico italiano Enrico Morselli em 1886.

“Podemos dizer que hoje em dia o culto ao corpo e a importância da imagem exarcebam os casos”, comenta a psicóloga.

A doença é difícil de identificar e os estudos sobre o assunto são raros no país, mas segundo a Dra. Maria José a prevalência de sintomas para TDC, em pessoas que procuram cirurgias plásticas no Brasil, pode chegar até 57%.

A melhor forma de combater e prevenir este distúrbio está justamente na aceitação do corpo e no fim da pressão para se encaixar em padrões estéticos ou sociais.

“Pais e professores devem coibir o bullying e ensinar o respeito pelos limites do corpo. Também é importante ressaltar a beleza natural das pessoas, da diversidade, e mostrar que as imagens que tanto as influenciam são irreais. Sobretudo, é fundamental não ter vergonha de falar sobre o assunto”, finaliza a psicóloga.


Quais são as causas do transtorno dismórfico corporal?
As causas do transtorno dismórfico corporal são bastante discutíveis. Há duas teorias diferentes: uma biológica e outra psicológica. A teoria biológica sugere que haja um aspecto genético e que o distúrbio se acompanha de um desequilíbrio da serotonina ou de outros neurotransmissores no cérebro. Há também relato de casos que tiveram início pós-encefalite ou pós-meningite. A explicação psicológica aponta para uma baixa auto-estima; deficiência de carinho e aprovação na infância, levando a uma autocrítica destrutiva e a sentimentos de abandono. Os adolescentes podem ter medo de ficar sozinhos e isolados por toda sua vida ou acreditar que serão inúteis se não conseguirem corrigir aspectos da sua aparência. Eles desejam uma perfeição ideal em sua aparência, o que é impossível. Uma vez que a doença tenha se desenvolvido, ela é mantida pela excessiva atenção que a pessoa dedica a um comportamento auto-centrado, como verificar o “defeito” percebido e fazer comparações com outras pessoas.
Quais são os principais sinais e sintomas do transtorno dismórfico corporal?
Atualmente, a forma mais frequente de transtorno dismórfico corporal é referente ao peso corporal. As pessoas com peso adequado para sua altura e faixa etária tendem a considerar-se acima do peso e se submetem a regimes inadequados, uso de medicamentos, vômitos forçados e exercícios físicos em excesso, gerando uma espécie de anorexia mental. Muitas vezes a dismorfofobia alegada consiste em emprestar exagerada importância a marcas mínimas e praticamente imperceptíveis, sentidas como deformantes e como observadas e criticadas por todos (o que não é verdadeiro). Tudo isso leva as pessoas que sofrem do mal a evitar lugares públicos e mesmo sair de casa (isolamento social) e a procurar por tratamentos estéticos de maneira doentia (cirurgias plásticas, tratamentos de rejuvenescimento, uso exagerado de cosméticos, cuidados exagerados com os cabelos, uso de roupas às vezes desconfortáveis, mas que escondam o corpo etc.).
A maioria das pessoas preocupa-se com algum aspecto do seu rosto. Por ordem decrescente, as queixas mais comuns referem-se ao narizcabelopeleolhos, queixo e lábios. Em geral, elas alegam falta de simetria entre os lados do corpo ou que algo está muito grande ou muito pequeno, ou que está fora de proporção ao resto do corpo. Algumas pessoas exibem preocupação com o cheiro corporal (mau hálito, odor das axilas ou dos pés) que exalam ou com uma alegada “feiúra” geral. As pessoas com transtorno dismórfico corporal normalmente demoram muito em atividades como verificar sua aparência num espelho, apalpar sua pele com os dedos, pentear e ajeitar os cabelos, cuidar de sua pele, comparar-se com os modelos em revistas etc. Outra forma de transtorno dismórfico corporal é a anorexia nervosa em que a pessoa se vê muito mais gorda do que é de fato e não acredita nas pessoas que dizem-lhe o contrário.
Como o médico diagnostica o transtorno dismórfico corporal?
diagnóstico do transtorno dismórfico corporal torna-se difícil porque ele muitas vezes se confunde com a vaidade excessiva. Algumas características formais do pensamento, no entanto, podem revelar ao psiquiatra ou ao psicólogo a sua anormalidade.
Como o médico trata o transtorno dismórfico corporal?
O tratamento mais adequado para o transtorno dismórfico corporal é uma longa psicoterapia, preferencialmente comportamental e cognitiva, embora esse tratamento seja bastante difícil ou mesmo impossível, pois grande parte dos pacientes crê-se apenas "vaidosos" e não aceita ser doente. No entanto, o transtorno dismórfico corporal é fonte de grande sofrimento e angústia para os pacientes. Muitas vezes é necessário o uso de medicamentos para tratar a ansiedade e/ou a depressão que acompanham o quadro.
Quais são as complicações possíveis do transtorno dismórfico corporal?
Estes pacientes frequentemente procuram cirurgiões plásticos ou dermatologistas para tratamentos estéticos, às vezes perigosos, mas nunca ficam satisfeitos com os resultados.



Fontes: ABC MED 
             Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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